A Democracia Custa caro No Brasil.

A Democracia Custa caro No Brasil.

No Brasil temos eleições majoritárias de dois em dois anos. Sempre acompanhei o processo eleitoral lendo artigos, assistindo entrevistas e programas voltados para índices e projeções eleitorais mas nunca havia experimentado de participar do processo administrativo de construção de candidaturas proporcionais, coligações ou funcionado nos bastidores pré, durante e pós o processo eleitoral. Na realidade participo pela segunda vez de todo processo como dirigente.

Nosso tribunal eleitoral é composto de magistrados que enxergam o processo eleitoral de uma forma superficial se colocando quase sempre como “fiscalizador” e não orientador dos partidos políticos no geral. Penso que deveríamos ter um código de ética e a tipificação de infrações administrativas para dirigentes e candidatos.

Durante o processo eleitoral tive algumas surpresas, decepções, lamentações, frustrações e pouquíssimas alegrias. Percebi que a ausência da ética e da moral imperam entre candidatos, pré candidatos e que a “base da pirâmide” é feita de uma verdadeira “negociata” institucional que gira na capitação de votos, candidatos, recursos financeiros ( chamado de “estrutura”) e apoio. Estabeleci uma realidade nova, visualizei a tentativa de “impor” uma nova filosofia já que meu “estágio” e aprendizado, estava sendo construído no maior estado da federação, no berço de grandes lideranças políticas, jurídicas, intelectuais etc. Acreditei ainda na possibilidade e na missão de que eu teria condições de estabelecer regras e conceitos já que estava diante da construção de um partido sem vícios e sem “caciques “ da velha política.

Sendo assim, estabeleci que embora na política não exista um tribunal ético que julgue pré candidatos, dirigentes partidários e todos os envolvidos no processo eu deveria manter os limites da ética e da moral. Venho de uma realidade no campo profissional que minha palavra é cobrada e minhas ações são julgadas pelos meus pares, respondendo administrativamente por infrações éticas e disciplinares, no cotidiano da advocacia criminal.

Quando analiso o processo eleitoral interno visualizo que os grandes nomes e as pessoas vitoriosas, sabem bem diferençar a realidade interna e a realidade que é relatada pela grande mídia e passada para a população, pelos comentarias eleitorais. Hj eu vejo os grandes caciques da política como “heróis” da vitoriosa batalha que é travada, pré, pós e durante o processo da construção de uma campanha. O jogo não é para poucos! O jogo é para pessoas preparadas para a traição, oportunismo e chantagem. Nunca imaginei que nos meus quase vinte anos de criminalista eu fosse experimentar e conhecer tantas pessoas oportunistas, dissimuladas, sem ideal e individualistas. As vezes penso que isso reflete diretamente na realidade do nosso país, assim como penso que a ausência de um tribunal ético e disciplinar está ligado diretamente a realidade dos grandes escândalos de corrupção.

Um dos fatos que mais me chama atenção é o custo de fazer, falar e viver a democracia no país. O TRE dita regras que encarece a democracia, pois a propaganda eleitoral não é nada gratuita já que existe o custo da produção, distribuição e edição do material entregue às emissoras de TV, além de outros custos para manutenção de uma agremiação política.

Estranhamente percebo que eu que tinha um conceito que os dirigentes partidários eram “raposas” do poder, tenho hoje uma verdadeira admiração pelos que conseguem montar uma chapa, acertar o grupo político, manter uma sede partidária com estruturação mínima, eleger parlamentares, vencer as traições, escolher corretamente sua assessoria e ainda ter votos!! Sinceramente são heróis preparados pois a democracia custa caro e tenho certeza que em algum momento gastaram muito de seus recursos, tempo , abdicaram de seus familiares e lazer para conquistarem o espaço no meio.

Minha maior frustração como dirigente é com os “pseudos” candidatos que fazem da política um ambiente de conchavos, usam de estratagemas políticas, manipulam grupos,

Pessoas e usam de um expediente demagogo e pueril. Algumas pessoas fazem nas eleições verdadeiros leilões de sua ideias, votos e apoio.

Penso que somente a construção de um tribunal ético teria condições de acabar com os “ascensoristas, sim ascensoristas”: políticos que surfam no processo e vivem das mazelas e das migalhas que a política oferece.

Aos jovens que buscam seu primeiro contato eu digo que observem os mais experientes e se afastem dos aventureiros, dos sorrateiros e tenham a certeza que a grandiosidade de um homem na política estará vinculado diretamente ao tamanho de sua ética e de sua moral no meio político-partidário. Façam acordos por convicção e não por conveniência, pois podemos perder ou ganhar juntos, mas jamais devemos negociar nossa palavra e nossa postura moral.

Desejo às pessoas éticas envolvidas no processo eleitoral, sorte nas eleições de 2018 para que o fortalecimento seja constante com a experiência conquistada, desejando ainda mais ética e moral na política, para que enfim no futuro a população valorize a classe política.

Jaime Fusco é dirigente partidário, advogado criminalista, tendo exercido funções públicas no âmbito municipal e estadual.

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